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Personalidades - Francisco Valdomiro Lorenz

Parte III - A proposta do Governador Getúlio Vargas
28/09/2019 Fonte: Luciana Terezinha Novinski
Luciana Terezinha Novinski
Luciana Terezinha Novinski

Queridos leitores nesta coluna estarei citando apenas um episódio da vida de Francisco Valdomiro Lorenz, que por ter sido importante foi publicado em vários meios de comunicação quando aconteceu e por isso de maneira resumida estarei relatando. O ano era 1928, e todos os anos os professores para ministrar aulas no Estado tinham que fazer uma prova para saber se seriam aprovados para dar aulas. Governava o Estado do Rio Grande do Sul o Exmo. Sr. Getúlio Vargas, ao fundo de um enorme salão em Porto Alegre estava a Comissão Examinadora, presidida pelo Secretario de Educação da época  Dr. Maurício Cardoso. Os demais membros da Comissão eram o que de mais exponencial existia em Porto Alegre naquela época, a  chamada Banca dos Examinadores. Era procedida a chamada dos professores  em ordem alfabética, e naquele dia estavam na letra “F”. Em dado momento ouviu-se chamar: “Francisco Valdomiro Lorenz”. Imediatamente viu-se, encaminhando-se em direção à Mesa, um cidadão humilde, trajado de branco, botinas pretas, lenço de seda ajustado ao pescoço com uma aliança e de chapéu de palhinha na mão. À sua passagem pelo longo corredor, com facilidade se escutaram risinhos de professorinhas muito bem vestidas e pintadas, que logo mudariam de opinião sobre aquele homem modesto. Com profunda admiração, constatou que o examinando discorria com indiscutível autoridade sobre os mais complexos aspectos tanto da Matemática como de Português, e Lorenz foi incrivelmente bem em todas as questões já notando que sua sabedoria era visível, então Dr. Maurício Cardoso pergunta?  Pelo que vejo, o Sr. dedica-se ao estudo da etimologia das palavras, além do Latim, grego e árabe, que são as raízes de nosso idioma, aprecia ou estuda também outras línguas vivas? Lorenz então responde Exmo. além das línguas vivas também estudo as chamadas Línguas Mortas, porque, salvo erro de minha parte, as “vivas” nada mais são que herdeiras das “mortas”. Dr Maurício então lhe diz que fala 12 idiomas, se estava disposto a conversarem nos 12, e todos acompanham já perplexos. Mas então após essa longa conversa, foi que os presentes tiveram a revelação do Grande Homem modestamente vestido e que suscitara os risinhos quando entrou, porque depois de falarem nos 12 idiomas Dr. Maurício perguntou se ele saberia mais algum, e Lorenz responde;   eu entendo e escrevo atualmente em 52 idiomas, entretanto devo confessar que estou lutando para aperfeiçoar-me na pronúncia das que eram faladas pelos Maias, Astecas e Ameríndios. (Chegou a falar 104 idiomas até o fim de vida). Então Dr. Maurício pergunta se ele fala Japonês, então traz um funcionário da Diretoria de Higiene para conversar, Lorenz não só conversa fluentemente como diz de que região ele é por seu sotaque. Foi nessa altura que teve lugar um fato que emocionou extraordinariamente todos que ali estavam: o Dr. Maurício bate no peito e diz:  Senhoras e Senhores! Convido a todos que nos levantemos! Todos de pé, ele deixa a Presidência da Mesa, encaminha-se para o Prof. Lorenz e diz-lhe: Mestre, vinde ocupar o lugar que indevidamente eu estava ocupando. Ele vos cabe. Uma salva de palmas, que durou muito tempo, coroou as palavras do Dr. Maurício Cardoso. Muito acanhado e também encabulado, Lorenz baixou a cabeça e apenas conseguiu murmurar:  Oh! Por caridade Doutor, se está concluída a minha prova, permita que eu volte para minha casa em São Feliciano, que é distante.  Mas, o senhor não reside em Porto Alegre, pergunta o Dr.? Não, senhor. Há muitos anos resido no Distrito de São Feliciano, Município de Encruzilhada do Sul. Andam dizendo por aí que em breve será  mudado o nome para Dom Feliciano. Diante disso, o Dr. Maurício externou em palavras cheias, de emoção e entusiasmo a sua admiração por ele e deferiu seu pedido. No dia seguinte, nova surpresa estava reservada ao Prof. Lorenz. O Dr. Getúlio Vargas, informado do que ocorrera, mandou chamá-lo ao Palácio, manifestou-lhe também sua grande admiração e convidou-o para trabalhar na Secretaria do Interior e Justiça, no Departamento de Relações Consulares, pois, trabalhando como tradutor, iria prestar relevantes serviços naquele setor. Exmo. Sr. Governador, disse Lorenz, sensibilizado ao máximo, agradeço a Vossa Excelência tão honroso convite. Entretanto, se vossa extrema bondade permite, imploro que me deixe voltar para minha Escola. O senhor nem pode imaginar o quão feliz me sinto em poder ir diariamente para minha Escola em São Feliciano, levando junto comigo um elevado número de meninos. O Governador Getúlio Vargas  terminou concordando, e lá se foi o Prof. Lorenz para o convívio de seus amados alunos. E assim encerro  essa coluna, mais uma vez mostrando que tivemos em nossa comunidade, alguém que era muito sábio, porém sempre humilde,  lhe aguardo na próxima edição, até lá!


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