Educação


Com o fechamento das escolas durante a pandemia, crianças pobres aprenderam metade do esperado

As aulas foram realizadas de forma remota durante vários meses
16/09/2022 O Sul

Com o fechamento das escolas e a adoção de aulas remotas durante a pandemia de coronavírus no Brasil, as crianças aprenderam, em média, 65% do que geralmente aprendiam em aulas presenciais. Isso equivale a cerca de quatro meses de aulas perdidos.

Crianças em situação de vulnerabilidade social aprenderam, em média, quase a metade, 48%, do que seria esperado em aulas presenciais. Os resultados estão em uma pesquisa publicada nesta sexta-feira (16) na revista Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação. O estudo foi conduzido por pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e da Durham University, na Inglaterra.

Levantamentos que medem o impacto da pandemia no aprendizado dos estudantes foram realizados em outros países, mas esse é o primeiro feito no Brasil com foco na educação infantil. Os dados divulgados mostram quanto a interrupção das atividades presenciais nas escolas aumentou a desigualdade de aprendizagem em 2020 e causou impacto sobretudo nas crianças de famílias com perfil socioeconômico mais baixo.

Segundo a pesquisa, entre as crianças cujas famílias apresentavam perfil socioeconômico mais alto, as perdas de aprendizagem foram menores. Elas aprenderam, em média, 75% do esperado. Isso significa uma diferença média de três meses de aprendizado entre as crianças de maior e menor nível socioeconômico.

A pesquisa observou 671 crianças do segundo ano da pré-escola, com idades entre 5 e 6 anos, de 21 colégios da rede privada e conveniada na cidade do Rio de Janeiro. As conveniadas são escolas privadas parceiras da rede pública, que atendem alunos que não encontram vaga nessa rede.

O estudo já estava em andamento quando a pandemia começou. A intenção era medir os impactos de fatores de dentro e de fora da escola no desenvolvimento infantil. Para isso, os pesquisadores avaliaram as crianças em 2019. Em 2020, com a pandemia, optaram por seguir a pesquisa e as avaliações, o que tornou possível comparar a aprendizagem de antes, com aulas presenciais, com a aprendizagem em aulas remotas.

As crianças participantes fizeram testes individuais em dois momentos: no início e no fim do ano letivo. Assim, foi possível medir o aprendizado delas ao longo dos respectivos anos letivos, 2019 e 2020, e compará-los. Os professores das escolas e os responsáveis pelas crianças também responderam a um questionário sobre o desenvolvimento infantil.

Os resultados mostram que as crianças que cursaram o segundo ano da pré-escola em 2020, a maior parte do tempo no formato remoto, aprenderam 66% em linguagem e 64% em matemática em comparação com o aprendizado em 2019.

A pré-escola é a etapa que antecede o ensino fundamental, e os aprendizados lá influenciam o processo de alfabetização, que começa na etapa seguinte. No teste feito pelos pesquisadores, foi considerada, por exemplo, a identificação das letras e dos números.

A pesquisa, que é financiada pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, ainda está em andamento, com os autores coletando dados para estimar os impactos da pandemia em médio prazo, equivalente ao ano letivo de 2022.

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