RS tem 10% de jovens que não estudam nem trabalham; cenário é pior entre pobres, negros e mulheres, diz estudo
Uma multidão de 229 mil jovens vive no Rio Grande do Sul sem estudar ou trabalhar, de acordo com um estudo elaborado pelo Observatório Juventudes e pelo Data Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Esse contingente de excluídos do mercado de trabalho e das escolas, conhecido como "nem-nem", corresponde ao número de moradores de um município do porte de Novo Hamburgo e supera a população de 98% das cidades do Estado consideradas isoladamente.
O estudo abrange pessoas entre 15 e 29 anos, tomando como base a definição de jovem estabelecida pelo Estatuto da Juventude, e faz uma tabulação de microdados apurados pela Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio Contínua (PNADc) até a primeira visita realizada pelos pesquisadores em 2023. Por isso, pode apresentar variações com outros levantamentos. Um trabalho divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no começo do ano apurou uma cifra próxima, de 12,6% no Estado. O trabalho da PUCRS exclui da categoria quem está procurando emprego.
Embora seja rotulada como preocupante pelos autores do trabalho, a cifra de 10% de jovens sem perspectiva educacional ou financeira é cinco pontos inferior à média nacional – puxada para baixo pelas regiões Norte e Nordeste. O problema é que o desempenho gaúcho despenca entre fatias específicas da população como pobres, negros e mulheres, o que tende a agravar as desigualdades sociais.
O cenário dos jovens no RS
Proporção de gaúchos entre 15 e 29 anos na população vem caindo
• 2013 24,1%
• 2023 20,2%
Um em cada 10 jovens não estudam, nem trabalham
• Só trabalha 52,7%
• Estuda e trabalha 19,9%
• Só estuda 17,6%
• Não estuda nem trabalha 9,9%
Apesar de preocupante, RS tem o terceiro menor percentual de jovens "nem-nem" no país
1. Distrito Federal 8,9%
2. Santa Catarina 9,5%
3. Rio Grande do Sul 9,9%
4. São Paulo 10,1%
5. Goiás 10,8%
Negros têm percentual mais elevado sem emprego e escola
• Negros 12,3%
• Brancos 8,9%
Percentual entre mulheres é o dobro em relação a homens
• Mulheres 13,4%
• Homens 6,4%
Problema dispara entre os mais mais pobres
• Quinto mais pobre da população 22%
• Quinto mais rico da população 3,1%
Cenário é mais grave entre jovens de faixa etária superior
• 15 a 17 anos 3%
• 18 a 24 anos 11,1%
• 25 a 29 anos 11,9%