Economia


RS tem menos acordos salariais com ganhos acima da inflação

No ano passado, 54,5% das negociações resultaram em ganhos reais. Em 2018, haviam sido 78%, mas o INPC foi mais baixo
03/02/2020 GaúchaZH

Pouco mais da metade das negociações entre empregados e patrões gaúchos terminou com reajustes salariais acima da inflação em 2019. Essa é a conclusão de balanço preliminar do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). 

De 1.484 acordos contabilizados no ano passado, 809 resultaram em ganhos reais para trabalhadores no Rio Grande do Sul. Ou seja, 54,5% do total. Na média, as convenções acabaram com reajustes de 0,27% acima da inflação.

Segundo o Dieese, o nível de acordos com ganhos reais caiu em relação a 2018. À época, 78% das negociações no Estado tiveram reajustes acima da inflação.

Para balizar as tratativas entre patrões e empregados, leva-se em conta a variação acumulada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) nos 12 meses anteriores às convenções. O INPC é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A redução no número de negociações que resultaram em ganhos reais para trabalhadores não é exclusividade do Rio Grande do Sul. No Brasil, de 2018 para 2019, o percentual de acordos com reajustes superiores ao INPC diminuiu de 75% para 49,9%, informa o Dieese. No ano passado, as convenções provocaram ganhos reais de 0,20%, em média, no país.

O analista Luís Ribeiro, da área técnica do Dieese, afirma que, apesar de os dados serem preliminares e estarem sujeitos à atualização, o balanço já garante que 2019 teve "resultados piores" do que 2018. O levantamento da entidade contempla informações parciais do ano inteiro.

– A economia saiu da recessão, mas ainda não deslanchou. As negociações indicam isso. Ainda não voltaram ao patamar pré-crise – pontua Ribeiro.

Conforme o analista, antes de a recessão assombrar os brasileiros entre 2015 e 2016, o percentual de acordos que geraram ganhos reais chegou a romper a barreira de 80% no país. Na visão de Ribeiro, "a perda de poder dos sindicatos" dificultou as tratativas entre patrões e empregados. Em vigor desde 2017, a reforma trabalhista aprovada no governo Michel Temer determinou o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical, o que enxugou a fonte de receita das entidades.

 


Para Oscar Frank, economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL Porto Alegre), a inflação em nível mais alto no ano passado também desafiou os acordos. Em 2019, o INPC acumulou elevação de 4,48%. Em 2018, subira 3,43%.

– Nas negociações, os patrões podem oferecer outras vantagens aos empregados, sem haver, necessariamente, aumento nos salários. Entre elas, vale-alimentação ou adicional de hora-extra maiores. Na medida em que a economia tiver recuperação mais forte, a pressão por reajustes aumentará naturalmente – observa Frank.

No ano passado, o Rio Grande do Sul também registrou 523 acordos (35,2% do total) que garantiram a trabalhadores reajustes nos salários iguais à inflação. Outros 152 (10,2%) resultaram em variação abaixo do IPCA acumulado em 12 meses, aponta o Dieese.

Maiores ganhos e maiores perdas

No Estado, empregados do setor metalúrgico, mecânico e de material elétrico tiveram os maiores reajustes em termos percentuais ao longo de 2019. Os ganhos reais do grupo, em média, foram de 0,62%. Funcionários dos ramos de alimentação (0,52%) e agricultura e pecuária (0,51%) vieram na sequência.

A outra ponta da lista foi ocupada por trabalhadores do setor de educação privada. No ano passado, o grupo amargou perda real de 0,70% nos salários frente à inflação. Empregados dos ramos de minérios e derivados de petróleo (-0,57%) e segurança e vigilância (-0,28%) também registraram menor poder de compra frente ao INPC.

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