Economia


Expectativa para 2020 é de leve retomada no emprego

Com juro baixo, atividades da construção e do comércio são beneficiadas e tendem a gerar mais vagas no país
04/01/2020 GauchaZH

A projeção de desempenho mais consistente da economia brasileira sustenta a hipótese de que o mercado de trabalho pode ganhar fôlego em 2020. Essa é a avaliação de especialistas que enxergam sinais de melhora em áreas intensivas em mão de obra no país, como a construção civil e o setor de serviços, que contempla o comércio. Em caso de confirmação da estimativa, o Rio Grande do Sul tende a embarcar no movimento positivo do restante do Brasil.

Em 2019, a economia nacional frustrou expectativas e deve crescer em torno de 1%. Previsão recente do Banco Central (BC) indica avanço de 1,2% no ano passado – o resultado será conhecido em março. Para 2020, a aposta da instituição é de alta de 2,2% no Produto Interno Bruto (PIB). Com o desempenho aquecido, a tendência é de que mais empregos sejam gerados, mesmo que em nível ainda inferior ao registrado no período pré-crise. 

Para o economista Bruno Ottoni, pesquisador da consultoria IDados, a atividade da construção civil e do setor de serviços, especialmente do comércio, deve ser beneficiada pelo juro básico no menor patamar histórico do país – hoje em 4,5%. Ou seja, a previsão é de que linhas de crédito mais atrativas estimulem as vendas, o que pode gerar novas contratações. Ottoni acrescenta que a construção e o comércio esboçaram sinais de reação nos últimos meses, o que reforça o otimismo para 2020.

– Para as projeções se confirmarem, é preciso haver geração de vagas nesses setores, porque empregam muita gente no Brasil. A exemplo do comércio, a construção tende a ser beneficiada pelo juro mais baixo. Houve sinais positivos nos últimos meses. A perspectiva otimista está calcada nisso – pontua Ottoni. 

Na reta final de 2019, o comércio foi estimulado por fatores como a liberação de saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). De janeiro a novembro, o segmento teve o melhor desempenho no mercado de trabalho formal desde 2014, tanto no Brasil quanto no Estado. No país, houve geração de 123,6 mil postos com carteira assinada, apontam dados do Caged, do Ministério da Economia.  Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, o saldo foi de quase 5,1 mil empregos.


A construção civil também registrou resultado positivo no Brasil. De janeiro a novembro, foram criadas 117,2 mil vagas, melhor marca desde 2013. No Rio Grande do Sul, o desempenho seguiu no vermelho, com fechamento de 1,9 mil empregos. 

Mesmo assim, o setor começa a apresentar indícios de reação no Estado. Depois de 21 trimestres de variação negativa ou nula, a atividade da construção voltou a crescer no Rio Grande do Sul. De julho a setembro, teve alta de 2,2% frente a igual período do ano passado, conforme o Departamento de Economia e Estatística (DEE), orgão do Estado.

– A construção ainda não avançou na geração de empregos no RS, mas, com os sinais de retomada da atividade, há expectativa de melhora no mercado de trabalho – frisa o pesquisador Raul Luís Assumpção Bastos, do DEE.

Reflexo

Na soma de todos os setores pesquisados, o Brasil gerou 948,3 mil vagas formais de janeiro a novembro, informa o Ministério da Economia. Trata-se do maior saldo para o intervalo desde 2013. Em igual período, o Rio Grande do Sul abriu quase 38,5 mil vagas, número pouco inferior a 2018 (42,1 mil vagas).

– No ano passado, vimos sinais de reação. A expectativa é de que o desemprego tenha redução em 2020, mas permaneça em nível alto. A recuperação da economia demora a se refletir no mercado de trabalho, porque a capacidade ociosa das empresas ainda é alta – explica o economista Giácomo Balbinotto Neto, professor da UFRGS.

No país, a taxa de desemprego caiu para 11,2% no trimestre encerrado em novembro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A baixa na desocupação foi estimulada pelo avanço do grupo de trabalhadores por conta própria, que chegou a 24,6 milhões, maior nível da série histórica iniciada em 2012. 

O crescimento dos autônomos reflete, em parte, dificuldades ainda existentes na abertura de empregos. Ou seja, com a disputa mais acirrada por vagas, trabalhadores passam a exercer atividades por conta própria para obter alguma renda. Para analistas, o grupo tende a seguir com grande participação na abertura de empregos em 2020.

Outros especialistas chamam a atenção para a existência de riscos no cenário externo, que podem impactar o Brasil (leia entrevista abaixo). A recente crise entre EUA e Irã é um dos fatores de preocupação.

Avanço dos informais

Um dos reflexos da crise econômica no país foi o avanço da informalidade, que segue em alta no Rio Grande do Sul. No terceiro trimestre de 2019, o número de trabalhadores sem carteira assinada ou CNPJ subiu para 1,9 milhão no Estado, aponta o IBGE. Frente a igual período de 2018, a alta foi de 1,5%. Ou seja, em um ano, 28 mil pessoas rumaram para a informalidade – o equivalente à população de Três Coroas, no Vale do Paranhana.

O cálculo do IBGE divide os informais em seis categorias. A mais volumosa, com 979 mil profissionais, é a dos trabalhadores por conta própria sem CNPJ, formada, por exemplo, por motoristas de aplicativos de transporte de passageiros.

De julho a setembro de 2019, os 1,9 milhão de informais corresponderam a 33,9% dos  5,6 milhões dos ocupados no Rio Grande do Sul. No país, o percentual foi superior no período, de 41,4%.

"Mercado de trabalho está ganhando tração"

Economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo projeta melhora do mercado de trabalho em 2020. Ao mesmo tempo, o professor da PUC-Rio menciona que riscos políticos e internacionais podem ameaçar a retomada da economia.

Como descreve o cenário para o mercado de trabalho?

Há sinais de que a economia está acelerando. Isso também chegou ao emprego. Os sinais são de que o mercado de trabalho está ganhando tração. O cenário é positivo para 2020. Estou bastante otimista.

 Levantamentos recentes do IBGE apontam alta no número de trabalhadores por conta própria, com ou sem registro formal. Isso veio para ficar?

Vai se espalhar. Agora, isso não significa que todas as ocupações vão ser só, por exemplo, de trabalho por aplicativos.

Quais setores da economia nacional podem ter destaque em 2020 na geração de empregos?

Acho que são construção civil e comércio. A redução do juro é fundamental para aumentar investimentos na construção. Isso, consequentemente, deve criar empregos. Na verdade, já está começando a acontecer. Da mesma forma, o avanço da massa salarial deve gerar aumento na demanda e no emprego do comércio e do setor de serviços.

Quais riscos podem frear a retomada da economia e a melhora do mercado de trabalho?

O primeiro é interno. É muito importante continuarmos com a aprovação de reformas. Os projetos geram estabilidade e credibilidade. Isso faz os investimentos aumentarem. O outro é externo. Mas não acho que será tão importante.

Por quê?

Há eleições nos EUA. O presidente Donald Trump vai tentar a reeleição e fazer de tudo para a economia americana não desacelerar muito. A pergunta é até que ponto a guerra comercial com a China vai continuar afetando o crescimento do país asiático.

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