Cultura


Casarão antigo na Bandeirinha, interior de Camaquã, se torna atração turística

Jovem proprietário do local pretende restaurar a construção do início do século passado
04/10/2022 Portal ClicR

Diferente do que se vê na Serra Gaúcha, por exemplo, ou em outras regiões do Rio Grande do Sul, os moradores da Centro Sul do Estado não têm o hábito de preservar sua história, salvo algumas exceções. Muito do patrimônio histórico e cultural desta região se perdeu pela falta de cuidado, incluindo fotos, documentos, construções, ferramentas de trabalho e objetos pessoais dos antepassados.

Na localidade de Bandeirinha, interior de Camaquã, um velho casarão construído no início do século passado tem chamado a atenção de quem passa por ali depois que o novo proprietário do imóvel, Anderson Hobus Affeldt, 27 anos, decidiu investir no local na intenção de preservar o que ainda resta inteiro das antigas construções.

Affeldt nasceu e cresceu na Bandeirinha, mas atualmente reside na cidade de Camaquã e é servidor público da prefeitura municipal de Chuvisca. Ele adquiriu a propriedade há cerca de um ano e meio e aos poucos está limpando a área e restaurando o que consegue. A velha morada estava tapera já há algum tempo e o comércio que existia também a muitos anos deixou de funcionar, por isso a vegetação havia tomado conta do que era o pátio e até mesmo de algumas áreas internas de alguns dos imóveis que já estão em ruínas.

São duas grandes construções sendo uma delas a que serviu de moradia dos primeiros proprietários, erguida por volta do ano de 1920. A casa dividida em mais de 10 cômodos e um porão tem em sua fachada frontal seis janelas e três portas. Todas as aberturas em madeira mantêm o formato original com um vitrô colorido em forma de arco na sua extremidade superior. A grande maioria conserva a madeira da época em que foram construídas.

O desgaste do tempo somado a falta de cuidados transformou em ruínas grande parte do segundo prédio. Este, maior que a casa principal, era de dois pisos e abrigava a área comercial e industrial. Durante muitos anos desde que foi construído até o fim da década de 1980 funcionou no local diversas atividades, incluindo uma serraria de madeiras e um moinho de milho (fábrica de canjiquinha, farinha e fubá), acionados por uma roda d’água, além de uma turbina hidráulica para a geração de energia elétrica. Também havia uma “venda” onde os clientes encontravam de tudo o que precisavam para o dia a dia, de alimentos a vestuário, como era a característica dos comércios do interior naquela época. Durante algum tempo também funcionou no casarão uma pensão que oferecia poso e comida aos viajantes.

Não há mais nada em condições de funcionamento neste setor comercial. O telhado desabou junto com o madeiramento da cobertura e grande parte da estrutura apodreceu. O que resta em meio aos escombros são as grandes engrenagens da serraria e do velho moinho.

Além dos imóveis também é possível ver no local parte do canal construído com pedras brutas para o levante da água que era conduzida até a turbina das fábricas. Não há curso d’água junto da casa e este canal se estendia por centenas de metros até um riacho onde a água era captada.

Projeto turístico

A área total adquirida por Anderson é de 2,5 hectares e apesar de ser zona rural ele não pretende desenvolver atividades agrícolas no local.  O projeto do novo proprietário é transformar o lugar em ponto turístico onde os visitantes poderão conhecer um pouco da história e da cultura dos imigrantes pomeranos e alemães que colonizaram a região.

O jovem empreendedor explica que o trabalho de restauração deve ocorrer aos poucos, uma vez que para isso são necessários investimentos que ultrapassam sua capacidade financeira no momento. Inclusive ele destaca que apoios e parcerias são bem vindos.

Atualmente o local está aberto a visitações e fotografias. No Facebook a página “O velho casarão” é o canal para que as imagens sejam compartilhadas e o local divulgado. O casarão fica a cerca de 40 km da cidade de Camaquã e 17 km da sede municipal de Cerro Grande do Sul.

Os fundadores

Por volta do ano de 1900, quando os primeiros colonizadores, principalmente pomeranos e alemães, chegaram à Bandeirinha, aquela região era coberta de mata nativa. Para se estabelecerem no local e cultivar a terra estas famílias tiveram que abrir picada a foice e a machado.

Entre os que chegaram em busca de um novo lugar para morar, plantar e constituir família estava o casal (pomerano) Carlos João G. Peter e Berta Beling Peter. Foram eles que construíram o casarão e os demais estabelecimentos ao seu entorno. Eles chegaram na região com um grupo de colonizadores oriundo de São Lourenço do Sul. Tiveram quatro filhos: Reinoldo, Ilza, Carlos Germano e Erna.

O acidente

A energia elétrica na propriedade também era gerada pela força da roda d’água que acionava um dínamo. Já na década 1980 as redes de energia chegaram naquela comunidade e o sistema na propriedade foi substituído. Contudo algumas instalações antigas nas construções foram mantidas e a falta de costume de Reinoldo com a rede de 220 Volts, aliado ao trabalho com os pés na água, lhe tiraram a vida fatidicamente.

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