Saúde e Bem Estar


Após engordar durante a pandemia, dieta não pode ser radical; saiba o que fazer

Você demorou um ano e meio para ganhar peso, não vá querer perder em duas semanas
01/09/2021 O Sul

Quando a pandemia começou no Brasil, o dono de restaurante Felipe Frangione, de 34 anos, conseguiu transferir suas atividades para o home office. Foram meses sem rotina nem atividades físicas. Agora, com a retomada gradual ao trabalho presencial, descobriu, pelas roupas, os sete quilos que ganhou.

“Me encaixo no grupo de brasileiros que ganhou peso no último ano. Foi muito tempo em casa e o uniforme era moletom, bermuda, tudo com elástico. Agora voltei a sair, tirei as roupas do armário e bateu o desespero quando percebi que não me serviam mais”, relata.

Embora já tenha feito todo tipo de dieta ao longo da vida, Felipe, agora, está fazendo o correto para perder peso: é preciso ir devagar, sobretudo nos tempos em que vivemos.

Nunca houve um ganho de peso coletivo tão alto em um período tão pequeno de tempo. Uma pesquisa conduzida pela Diet & Health Under Covid-19, com 22 mil pessoas entre 16 e 74 anos de 30 países, mostrou que 31% das pessoas ao redor do mundo engordaram 6,1 quilos durante a pandemia. O Brasil fica no topo da lista, com 52% de homens e mulheres que ganharam 6,5 quilos. Privados de prazeres, as comidas serviram de válvula de escape para muitos.

“A gente acabou se permitindo certos prazeres para anestesiar um pouco a ansiedade e preencher os vazios. Só que perdemos a mão, porque a coisa não terminou tão cedo quanto imaginávamos”, diz a nutricionista Priscilla Primi. “O que fazer para reverter? Primeiro, calma. Você demorou um ano e meio para ganhar peso, não vá querer perder em duas semanas.”

O primeiro passo é focar na saúde. É mais urgente verificar o impacto dos quilos a mais na gordura no sangue, pressão arterial, glicemia etc, segundo Primi.

“Preste atenção ao que coloca no prato, mas sem neuroses. Priorize o alimento não pela caloria, mas pelo fato de ser saudável. Só depois comece a pensar na quantidade. Trata-se de um processo de adaptação importante e, se for gradual, a mudança acaba vindo de forma muito natural. Não faça disso algo a mais para estimular o estresse.”

Meta deve ser possível

É claro que é preciso certo esforço para perder peso. Mas a dica é pensar em metas atingíveis, como parar de comer fritura cinco vezes por semana ou chocolate todo dia. Reduza. Não é necessário eliminá-los.

“Adotar dieta restritiva hoje, no momento que estamos passando, é um gatilho para desenvolver um transtorno alimentar. Não estamos bem, é preciso cuidado”, diz Primi.

Maria Francisco Mauro, psiquiatra especializada na área de transtornos alimentares e obesidade e pesquisadora da UFRJ, pede atenção para a relação entre saúde mental e comida. Segundo ela, é preciso diferenciar quem ganhou cerca de 5 quilos daqueles que engordaram 10 ou 20 na pandemia:

“Três quilos é uma variação natural de peso para o período que estamos enfrentando. Mas se a pessoa ganhou 10, 20 quilos passou daquela curva. Nesses quadros, pode haver alterações do comportamento alimentar. Come-se de maneira excessiva talvez por um adoecimento emocional, ligado à depressão, compulsão alimentar ou ansiedade.”

Saúde mental e abuso de álcool influenciam

A parte emocional foi uma das principais responsáveis pelos quatro quilos adquiridos pela bióloga e professora Daniela Cabral, de 48 anos. Ela vinha num processo de perda de peso e havia emagrecido 27 quilos quando a pandemia começou. Mas a tensão foi se acumulando à medida que as parentes contraíam Covid.

“Isso me desestabilizou totalmente e busquei consolo na comida. Ficava preocupada com as pessoas e com raiva de quem não tomava cuidado. Buscava recompensas e pensava: “eu mereço””, conta.

Agora, ela passou a fazer esteira sozinha na academia do prédio e voltou a ficar de olho no que leva para casa, fazendo escolhas mais saudáveis.

“Não deixei o chocolate de lado, mas estou comprando muito menos, diminuindo um pouco o carboidrato, comendo mais legumes, saladas. Tenho cuidados, mas sem radicalizar.”

O mesmo vale para o uso de álcool, que além de oferecer alto ganho calórico, tem um limiar para o abuso.

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Aline Rosiakdj ar

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