Vacina contra o HIV: farmacêutica Moderna inicia testes em humanos nos Estados Unidos
A farmacêutica Moderna anunciou testes clínicos da vacina experimental contra o HIV em voluntários dos Estados Unidos, com a participação de 56 adultos que não são portadores do vírus. Eles têm uma faixa-etária entre 18 e 50 anos e serão divididos em quatro grupos com catorze pessoas cada.
Segundo a empresa, o imunizante foi desenvolvido utilizando a tecnologia de mRNA e é chamado de “mRNA-1644”, contando com duas versões que serão administradas nos grupos dos voluntários. De acordo com a Moderna, dois grupos receberão um imunizante dos imunizantes, enquanto o restante será vacinado com uma dose de cada.
O objetivo inicial dos testes é descobrir se as vacinas de mRNA são capazes de estimularem o sistema imunológico a produzirem anticorpos contra o HIV e atestarem a segurança dos imunizantes em seres humanos. Essa fase terá uma duração de 10 meses e caso comprove a segurança os pesquisadores iniciarão a segunda etapa do estudo clínico.
O mRNA (RNA mensageiro) é uma tecnologia bastante conhecida e que foi utilizada pela própria Moderna e pela Pfizer/BioNTech. De modo geral, consiste em replicar a sequência de RNA do vírus e criar um “manual de instruções” para que o organismo aprenda a se proteger contra o agente viral.
Segundo Stéphane Bancel, CEO da Moderna, o desenvolvimento do produto que combate
o coronavírus encorajou a companhia a desenvolver outras descobertas. “Hoje estamos anunciando três novos programas de vacinas que abordam a gripe sazonal, o HIV e o vírus Nipah, alguns dos quais escaparam aos esforços tradicionais de vacinação, e todos acreditamos que podem ser resolvidos com nossa tecnologia de mRNA”, explica o porta-voz, em comunicado.
Os testes
A vacina da Moderna é o primeiro imunizante com mRNA contra o HIV a ser testado em humanos. Os testes contam com a participação de 56 adultos saudáveis, com idades entre 18 e 50 anos. A ideia será verificar a segurança do produto e se ele fornece uma resposta imunológica básica.
Se a vacina for considerada segura e eficiente, após um período inicial de 10 meses, ela seguirá para testes mais avançados. A Moderna também planeja testar outra versão do imunizante, chamada mRNA-1644v2-Core, que já passou por testes pré-clínicos.
Vacina contra o HIV
Como funcional a vacina? O produto estimula as células B do sistema imunológico a gerar anticorpos bnAbs, amplamente capazes de neutralizar o HIV. Essas células de defesa têm como alvo a glicoproteína do envelope do vírus, que guarda seu material genético.
De acordo com a International AIDS Vaccine Initiative (IAVI), que colabora com o desenvolvimento da vacina, há décadas cientistas trabalham para entender melhor a estrutura dessa glicoproteína. “Mas os avanços recentes permitiram-lhes estabilizar e compreender o envelope do HIV com detalhes sem precedentes”, diz a entidade, em comunicado.
Além disso, o imunizante da Moderna trabalha com imunógenos eOD-GT8 60mer, isto é, moléculas testadas em laboratório para gerar a produção dos anticorpos bnAbs. Essa resposta imune é reforçada então pela tecnologia de mRNA, que auxilia o direcionamento das células para a produção de proteínas de defesa contra o vírus.
Esse tipo de vacina não contêm nenhuma parte inativa do vírus. Uma vez injetada, a molécula de mRNA viaja dentro das células humanas, onde a maquinaria genética delas já da conta de produzir a proteína do HIV para gerar uma resposta imune.